Thursday, February 02, 2006

PALAVRÕES.

Assim que o médico corta nosso cordão umbilical e temos os primeiros segundos de autonomia, se já soubéssemos falar, com certeza diríamos em alto e bom tom um palavrão.

Nada de “puxa, que legal”, “viva, nasci” ou “enfim, sós”. Ponha a mão na consciência e seja honesto: o que você diria?

Antes dos primeiros dentinhos de leite começarem a nos ferir já somos capazes de pronunciar alguns verbetes, e quando o rompimento da frágil gengiva é inevitável, nada mais justo do que se expressar, não com um “nenê qué papá”, “mamá” ou “mimi”. O melhor a se dizer, certamente seria algo grosseiro, que aliviaria mais do que passar Nenedent Gel ou morder um daqueles troços esquisitos de borracha.

Papai, por que não posso falar pipi e bumbum?

Nunca compreendi o porquê da proibição. Tudo bem que não é saudável sair gastando sua cota diária de palavrões à toa, mas vetar por completo, usando métodos medievais como o da colher de sobremesa com pimenta na boca, já é demais.

Outro dia vi um garotinho de uns cinco aninhos tomar um belo beliscão, só por ter exclamado “que saco”, após ter que devolver para a prateleira do mercado o pacote de bolacha recheada. Oras, a culpa foi dos pais de terem mimado o fedelho a ponto de ele ter voz ativa na hora da compra. Deixassem ele vendo desenho e rasgando as almofadas em casa.

Existem momentos em que não há palavra que se encaixe melhor. Muita educação gera mais diálogo.

Com o tempo aperfeiçoei meu repertório a ponto de acreditar que o dito popular “para bom entendedor meia palavra basta” deveria ter um irmão bastardo “para mau entendedor só um palavrão resolve”.

Parece que as pessoas não entendem sentenças polidas, principalmente os profissionais de telemarketing, seguranças de estabelecimentos públicos, subordinados diretos, crianças, flanelinhas entre outros.

Mesmo que retrucado, continuo com a teoria. Quem xinga, pode muito bem ser xingado. É a regra do jogo. Isso se chama fair play, que também poderia ser considerado um palavrão.

Eles estão na TV, nos livros, no trânsito, no elevador, nos estádios. Ah os estádios. Uma justa terapia em grupo onde podemos xingar ininterruptamente por 90 minutos, mais os acréscimos, prorrogação e pênalti se tiver. Os bandeirinhas, ou auxiliares, como preferir, são seres evoluídos com toda certeza.

E quando você der uma topada com o dedinho na quina do sofá, nada de precipitação. Respire, conte até cem usando “pim” a cada 3 números e seu ódio contra o mundo e contra a loja que te parcelou o belo aparato almofadado em 68 prestações, desaparecerá, junto com a dor e com a unha.

Manter a calma? Pra quê? Tá louco? Toda aquela raiva contamina os radicais livres, as mitocôndrias os retículos endoplasmáticos e todos os palavrões que nos revestem por dentro. Erra é humano. Errar é humano o cara...

Tá estressadinha, boneca? Abra a janela, escolha o seu maldizer favorito e mande ver. Faz bem. Purifica a alma. Se bobear você ainda descola uma namorada.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

poxa o q dizer!?

caralho (exclamação)
seria esse o máximo dos palavrões!?

6:33 PM  

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