Wednesday, October 10, 2007

E SE NÃO CHAMASSE SONHO DE VALSA?

Você conhece, já comeu sacos e mais sacos, ou no mínimo, lembra de alguém da escola que começou um doce relacionamento usando um deles como flecha do cupido.

Eu particularmente tenho o hábito de comer todo o revestimento de chocolate, deixando apenas a parte bege de amendoim, com leves marcas de dente, embalada no celofane rosa.

Sim, estou falando do mais clássico bombom nacional, o Sonho de Valsa.

Recentemente, conversando com amigos, começamos a nos questionar sobre a origem e o sentido de alguns nomes de produtos, empresas e até de pessoas. Uma pesquisa besta que resultou na demissão de um funcionário e na descoberta de um ponto clandestino de TV a cabo no refeitório, além de culminar com a incômoda pergunta: por que sonho de valsa?

O que diabos isso quer dizer?

Se o nome fosse outro, será que faria tanto sucesso? Algo como: “Cochilo de Mambo”, ou ainda “Devaneio de Foxtrot”.

- Nossa gata, tô com uma vontade de comer um Suspiro de Lambada.
- Cala essa boca.

Se o nome fosse outro, a capital do país, nosso PIB e até o assassino da Odete Roitman seriam outros. O horário de verão acabaria mais tarde e até a música tema do Fantástico seria diferente.

Um sonho em formato de valsa ou uma valsa que beiraria um sonho? Seria esta a primeira dança matrimonial do casal logo após o duplo “sim” na sacristia?

- Nossa, que lindos. Não é um sonho de valsa?
- Cala a boca Norma, não estraga.

“Soneca de Bolero”, “Naninha de Tango”, “Siesta do Pancadão”. Acho que não.

Eu imagino um grande globo vazado de aço escovado, como estes de sorteio de bingo. Uma bela garota, num mini-vestido rosa, sonhando em ser modelo, atriz e apresentadora de programa infantil. Ela sorri enquanto gira o equipamento. Dentro do globo temos bolinhas com palavras aleatórias como: nuca, flanco, rústico, albatroz, rocambole, pijama, gárgula, cotovelo, torresmo, Clóvis, entre outras. A trilha sonora é tensa e o gelo seco toma o palco.

- Primeira palavra: sonho. Anotem aí, sonho.O globo volta a ser girado, a garota quase cai do salto, seu riso é um misto de timidez e orgulho – a família toda se reuniu na casa da tia Zilda para assistir a caçula ao vivo. A trilha cresce e a segunda palavra está prestes a ser conhecida. Momentos de tensão. Temos três bolinhas enganchadas na pequena gradinha. São elas “molinete”; “valise” e “valsa”. Duas caem.

- Segunda palavra: valsa. Brasil, parece que temos o nome!

A bolsa despenca. O dólar dispara. Todos os homens de nome Clóvis lamentam pela infelicidade do não sorteio. Fica pra próxima.

Fato é: o nome pegou, e não conhecemos o mundo sem o delicioso bombom.

Se não chamasse sonho de valsa, seriam grandes as chances de vir apenas a parte bege de amendoim com marcas de dente embrulhada pra você, aí pode ter certeza que o nome seria “Pesadelo de alguma coisa”. Meio amargo, não?

7 Comments:

Blogger Vinícius said...

hahaha "Brasil, temos um nome". Ótimo! Muito bom novamente!

7:28 AM  
Blogger Polas said...

Como sempre, os diálogos ilustrativos são primorosos. Boa Brimola.

12:35 PM  
Anonymous Anonymous said...

Tá mais pra Caio que pra Mago... Parabéns pela eficiência ferina, meu caro!

Abrazzo

6:00 AM  
Blogger felipe.bellintani said...

por mim o sonho de valsa seria oco! imagina? [s]

5:42 PM  
Anonymous Anonymous said...

Eu comeria um Suspiro de Lambada.
bjs

Camila

5:53 AM  
Blogger . Eco . said...

Um texto tão sublime quanto uma Serenata de Amor...
Parabéns mano. Sensacional.
[]'s
Eco

7:09 PM  
Anonymous Anonymous said...

Se vc só come a casca, não é melhor mudar pra Bis? Aí facilitava até essa questão com o nome, que no caso é fácil, quem come um pede bis. :-)

6:46 PM  

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