Thursday, February 02, 2006

PRATICIDADE PRA QUÊ?

Hoje é dia de falar sobre uma grande amiga de todos nós: a burocracia.

Não consigo entender como as pessoas podem odiar tanto uma prática que dá empregos diretos e indiretos em todo o mundo, principalmente por aqui.

Sem ela nossos dias perderiam a graça, aquele tempero especial feito artesanalmente de vias, formulários e musiquinhas de espera. Sim, a burocracia tem um sabor marcante, não podemos negar. Quanto tempo você leva para conseguir falar com o gerente do seu banco, cancelar uma linha telefônica, mandar uma carta, votar, doar qualquer coisa?

E ser atendido pelo médico então? Hospital público, nem preciso falar.

A burocracia é o iBope diário da sua vida. Sem ela, suas histórias se resumiriam a fofocas cotidianas, e isso não é forte o bastante. Sem ela, tudo seria muito fácil e sem graça. Você não teria do que reclamar ao chegar em casa. Não teria assunto. Teria que inventar algo, ou pior, ter que falar de problemas pessoais e abrir seu coraçãozinho.

Vai pra lá, vem pra cá, xeroca, reconhece firma, tira foto, manda o fax, imita um gago, liga para a central de atendimento, imita um gago de novo.

Outro dia fui tentar abrir minha empresa. O contador me pediu apenas um xérox simples de RG e CPF. Nossa, só isso? Pois é, abrir é fácil, difícil é fechar. Você pode não ter clientes, laranjas no caixote, ou colares de miçanga no mostruário. Morre o proprietário, cinco gerações sadias, e a tal M.E. (micro empresa) permanece.

Mais uma coisa legal da burocracia: o termo guichê. É lindo, acho que vem do francês. “O senhor poderia se dirigir ao guichê número 7?”. Claro! A impressão que dá é a de que serei atendido por um aristocrata do século XV, que brindará comigo um cálice de seu melhor conhaque.

Quantas pessoas você acha que trabalham para dificultar a sua vida? E não vá pensando que é fácil. Todos aqueles carimbos, papéis e envelopes de diferentes tamanhos. Tem muito serviço envolvido. Fazer cara feia e escolher roupas de tons pastel desgasta demais. Por isso o dia acaba quando você precisa que ele comece. Seis em ponto. Eu invejo.

Burocrático por nascimento é o sistema de senhas. É ela que evita o cara-a-cara imediato, prolonga a estadia. Uma divertida caça ao tesouro onde o prêmio varia de uma autenticação a uma expedição de uma nota de reembolso do plano de saúde.

Quer distância das pessoas? Ok, use a seqüência: formulário, receita, picote, datada com via autenticada no guichê do Meneses.

E não pense que você escapa. Frases como, “me liga daqui a pouco”; “já vou” e principalmente “você não acha que estamos indo rápido demais” são típicas de burocratas de mão cheia. Isso pra não citar o “me manda por e-mail” ou o top one “meu pai leva e o seu busca”.

Quando a vida estiver sem graça, entre numa fila, preencha um formulário, ligue pra receita. Não pode vencê-la, junte-se a ela, mas esteja preparado para uma seqüência cinco vezes pior do que a que envolve o Meneses.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

e onde fica a burocracia do trânsito!? .
teria graça se todas as estradas fossem igual à imigrantes!?

6:32 PM  

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