TEM REPETENTE NA SALA.
Com a festa da volta as aulas contagiando o país, me vem à cabeça a lembrança de uma figura controversa, polêmica, temida, admirada, que tornava a estadia na prisão murada escolar um pouco mais divertida.
Estou falando do repetente, aquela criatura que, por razões variadas, viu-se obrigado a cursar novamente uma ou mais séries.
- Então, nos encontramos novamente. Não disse que isso aconteceria?
- Corta essa, pai.
- Na minha sala não tem essa de pai nem mãe. Sou seu professor, seu mestre.
- Dos piores, diga-se de passagem.
- Moleque vadio, sem rumo. Não respeita o próprio pai!
- Achei que aqui não tivesse essa de pai nem mãe.
Não tive a honra de sentir o gostinho do repeteco curricular, o que não me valeu carro do ano aos 18, mas ao menos me poupou boa dose de cintadas na lomba.
Na minha opinião, um pouco romanceada, diga-se de passagem, o repetente é um enviado do futuro, alguém que já esteve lá, que conhece as respostas, os atalhos, que já viveu tudo aquilo e que, por isso, tem a nobre missão de compartilhar seu conhecimento com os outros, tornando o presente menos doloroso.
- Oiê, eu sou a Carlinha. Você é novo aqui?
- Não exatamente. Vim do futuro e trago respostas.
- Uau! Sabe me dizer se continuo sofrendo bullying até o fim do ano?
- Feinha desse jeito e acreditando em viajantes do tempo? Com certeza vai.
Ou ainda:
- Doutor, doutor! Não posso repetir o primeiro colegial. O senhor precisa me mandar de volta para o futuro.
- Lamento, Marty, dessa vez não vai dar. O DeLorean foi reprovado outra uma vez na inspeção veicular.
- Maldito Kassab.
A diferença no corpo de um estudante de 13 para um de 14, fica escancarada na famosa aula de educação física de “peso e medida”.
Repetentes são adultos travestidos de crianças.
- Meu, na boa, é impossível. O moleque tá na segunda série e já tem pêlo no peito?
- É que é filho do Humberto Martins.
- Sei. E cadê o furinho no queixo?
- Perdeu o direito de usar depois de repetir o pré pela segunda vez.
Pois é, mas graças a prefeitura e seu “brilhante” sistema de aprovação automática, esse importante indivíduo está praticamente extinto, pondo em risco importantes estágios do amadurecimento juvenil.
Lembro de quase ter começado a fumar e a usar pochete virada para trás por influência de um deles.
- Que é isso, Caduzinho, apaga essa merda! Você só tem 11 anos.
- E daí? Você sempre fala que começou aos 9.
- Eram tempos difíceis, meu filho.
- Difíceis? Difícil é ter 11 anos, repetir a quarta série, ter peitinhos de menina e ainda por cima ser filho do Oswaldo Montenegro.
E se por um lado são mais fortes, mais altos, mais vividos, por outro são verdadeiros reféns de um “Vale a pena ver de novo” que ao invés de “Os Goonies” e “Te pego lá fora” reprisa fórmulas, sonetos e conflitos nos Bálcãs.
Por isso, jovem, pra não riscar o disco num ano não tão dourado da sua vida, deixa de vagabundagem, sai do Orkut, pára de ouvir Restart e sobe estudar.
Educação. A gente vê por aqui.
Estou falando do repetente, aquela criatura que, por razões variadas, viu-se obrigado a cursar novamente uma ou mais séries.
- Então, nos encontramos novamente. Não disse que isso aconteceria?
- Corta essa, pai.
- Na minha sala não tem essa de pai nem mãe. Sou seu professor, seu mestre.
- Dos piores, diga-se de passagem.
- Moleque vadio, sem rumo. Não respeita o próprio pai!
- Achei que aqui não tivesse essa de pai nem mãe.
Não tive a honra de sentir o gostinho do repeteco curricular, o que não me valeu carro do ano aos 18, mas ao menos me poupou boa dose de cintadas na lomba.
Na minha opinião, um pouco romanceada, diga-se de passagem, o repetente é um enviado do futuro, alguém que já esteve lá, que conhece as respostas, os atalhos, que já viveu tudo aquilo e que, por isso, tem a nobre missão de compartilhar seu conhecimento com os outros, tornando o presente menos doloroso.
- Oiê, eu sou a Carlinha. Você é novo aqui?
- Não exatamente. Vim do futuro e trago respostas.
- Uau! Sabe me dizer se continuo sofrendo bullying até o fim do ano?
- Feinha desse jeito e acreditando em viajantes do tempo? Com certeza vai.
Ou ainda:
- Doutor, doutor! Não posso repetir o primeiro colegial. O senhor precisa me mandar de volta para o futuro.
- Lamento, Marty, dessa vez não vai dar. O DeLorean foi reprovado outra uma vez na inspeção veicular.
- Maldito Kassab.
A diferença no corpo de um estudante de 13 para um de 14, fica escancarada na famosa aula de educação física de “peso e medida”.
Repetentes são adultos travestidos de crianças.
- Meu, na boa, é impossível. O moleque tá na segunda série e já tem pêlo no peito?
- É que é filho do Humberto Martins.
- Sei. E cadê o furinho no queixo?
- Perdeu o direito de usar depois de repetir o pré pela segunda vez.
Pois é, mas graças a prefeitura e seu “brilhante” sistema de aprovação automática, esse importante indivíduo está praticamente extinto, pondo em risco importantes estágios do amadurecimento juvenil.
Lembro de quase ter começado a fumar e a usar pochete virada para trás por influência de um deles.
- Que é isso, Caduzinho, apaga essa merda! Você só tem 11 anos.
- E daí? Você sempre fala que começou aos 9.
- Eram tempos difíceis, meu filho.
- Difíceis? Difícil é ter 11 anos, repetir a quarta série, ter peitinhos de menina e ainda por cima ser filho do Oswaldo Montenegro.
E se por um lado são mais fortes, mais altos, mais vividos, por outro são verdadeiros reféns de um “Vale a pena ver de novo” que ao invés de “Os Goonies” e “Te pego lá fora” reprisa fórmulas, sonetos e conflitos nos Bálcãs.
Por isso, jovem, pra não riscar o disco num ano não tão dourado da sua vida, deixa de vagabundagem, sai do Orkut, pára de ouvir Restart e sobe estudar.
Educação. A gente vê por aqui.
1 Comments:
Porra, to querendo seguir esse blog, mas cadê o aplicativo? Gostei mesmo, só pra constar sou repetente :(
Nem é tão legal assim, você já entra com fama de filhodaputa.
Curti o blog! Passa no meu.
paraepensamano.blogspot.com
Falô maluco?
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