Tuesday, October 28, 2008

POLÍTICA FUTEBOL CLUBE.

Odeio me envolver, escrever e até mesmo falar sobre política, acho um grande desperdício – como ir ao McDonald’s e pedir Mc Fish – mas sei que o período é de eleições em todo o mundo e por isso pede algumas palavras, tão obrigatórias quanto o voto.

Vereadores, prefeitos, síndicos, caciques, presidentes e o mundo inteiro querendo saber quem leva: Obama, que só não é terrorista pela falta de um “s” ou McCain que só não é batatinha frita por um capricho da biologia?

Nesse monopólio da mídia, todos perdemos tempo precioso.

Garanto que se política, que já aparece no caderno de economia, também viesse estampada na página de esportes, junto com o futebol, atrairia muito mais simpatizantes, inclusive eu.

- O meu candidato completa hoje 100 anos. É tradição!
- Grande coisa, o meu vai para o terceiro mandato consecutivo. Tri-campeão!
- Sei, sei... mas o meu acabou de rejeitar proposta milionária do mundo árabe.
- Mas o bandeirão com o rosto do meu cobre o pátio inteiro da CUT.
- Irado!

Pense bem: política tem torcida uniformizada, distintivo, número, tem até hino. Tem discurso inflamado nos bastidores, rivalidade, goleada e até contato físico. Vai dizer que nunca viu briga de galo envolvendo senadores gorduchos?

Experimenta colocar política no sistema pay-per-view pra ver se não vende igual a clássico.

Imagine o cenário: dois candidatos, tecnicamente empatados, como num campeonato de pontos corridos, resolvendo a incômoda pendência em jogos de ida e volta. Ofensa gratuita no estádio do visitante valeria dois pontos. No show do intervalo, o tira-teima mostraria se a transferência para o paraíso fiscal foi mal anulada. Para o segundo turno, muitas faltas e abstenções, sem falar numa emocionante virada de mesa nos acréscimos.

“Brancos, nulos e não souberam opinaram” seria o time pequeno que mais incomodaria os grandes.

- Meu candidato tá invicto. Não aprova nada há mais de 100 dias.
- E o meu que não aparece no gabinete há mais de 3 meses?
- Irado.

Ataque, contra-ataque, direito a resposta. Apelação, impedimento, bolada na mão. Se política fosse mesmo tratada como futebol, ninguém poderia ficar em cima do muro.

Até as máximas do futebol se encaixam perfeitamente à política: “jogo é jogo, treino é treino”. “Em time que está ganhando não se mexe”. “O futebol é uma caixinha de surpresas”. “Sai que é sua Taffarel”.

Se você reparar bem, mandato é igual a conquista de título, todo mundo torce contra, questiona, fica na maior dor de cotovelo, não reconhece, mas só pode mesmo mudar as coisas no final do próximo campeonato. Até lá, os holofotes voltam-se para o detentor do caneco que jamais pode perder o decoro parlamentar. No caso de uma Copa do Mundo, a responsabilidade dura 4 anos, igualzinho a do presidente – o homem a ser batido.

- E aí, torce pra quem?
- Ah, lance de família. Meu avô torcia pra ele, meu pai torce pra ele, e eu, desde pequeno já ia nos comícios. E você?
- O quê? Olha só minha tatuagem.
- Nossa, ele ainda era secretário de turismo.
- Pra você ver.

Com tudo isso, política ainda levaria vantagem sobre o futebol num único ponto: cara que joga mal vai pro gol. Goleiro que cata mal, vai pra política. Mas político que age mal nunca vai parar no banco. E segue o jogo.

3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Analizando desta forma, que começe o Campeonato Brasileiro 2009.
Os times que estavam na 2ª divisão ja fizeram a última partida no final de semana. Agora é torçer pra que este campeonato só produza bons resultados.

11:20 AM  
Anonymous Anonymous said...

Analizando desta forma, que começe o Campeonato Brasileiro 2009.
Os times que estavam na 2ª divisão ja fizeram a última partida no final de semana. Agora é torçer pra que este campeonato só produza bons resultados.

11:20 AM  
Anonymous Anonymous said...

Sou Partido Verde de coração, Mago!

Mais um belo texto... abrazzo.

2:02 PM  

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