Wednesday, November 09, 2011

LICENÇA PRA PEGAR O TACO.

Dentre os esportes que mais pratiquei na fase “moletons da Sulfabirl”, destaca-se o taco, modalidade íntima de pisos como areia, cimento, grama, ladrilho hidráulico, entre outros.

- Licença pra pegar o taco.
- Uuuiii, santa! Licença concedida.

O jogo, em sua versão original, traz uma cartilha de frases constrangedoras, até para o mais liberal dos camaradas.

Começa com licença pra isso e quando percebe, o jogador se vê algemado a um mundo regrado, onde pede-se licença até para olhar o anúncio de conscientização ambiental trazido pelo aviãozinho que cruza o horizonte.

- Licença pra vestir camurça.
- O jogo já acabou, Jair.
- O jogo do vestir-se bem não acaba jamais, mon chéri!

A nobre arte do bets, nome bretão da modalidade, possui legião cativa e apaixonada de praticantes no mundo todo, mas, infelizmente, não conta com sindicato ou associação, o que torna difícil entrar para os disputados planos Olímpico e da Copa Dan’up.

Contudo, circula por aí a criação de um mundial interpraias, que aconteceria de 3 em 3 solstícios, coincidindo com as aparições do Halley e do Renato Aragão engatinhando no braço do Cristo.

- NÁÁÁDA!
Exclamado como se não houvesse amanhã, significa a proteção momentânea à tão visada casinha contra investidas adversárias.

- TUDO!
- Então como é que é?
- É!!!
- É pique, é pique, é pique, é pique, é pique…

Brincadeiras infames como a do diálogo acima são algumas das formas de transformar a disputa numa batalha campal. Outra forma, muito comum, é a da instauração de CPIs aleatórias, das quais destaco a CPI “das duas para trás”; CPI do “mas eu tava com o taco na base”; e a CPI do “queimou sim”.

- Três pra trás.
- Foram duas.
- Foram três. Licença pra pegar o taco.
- Uuuiii, poderosa! Licença concedida.
(e nova batalha campal)

O prazer em acertar a bolinha na veia, aproxima-se da satisfação que se sente ao chegar a sua vez de usar o banheiro químico na Campos de Bagatelli, em dia de festa da CUT.

Mas, no velocímetro do prazer, a satisfação máxima produzida pela rebatida perfeita reduzia-se a pranto absoluto quando o adversário, num salto de ginasta romeno, capturava a bolinha no ar, exclamando, simultaneamente “mão negra” (ou o termo que preferir).

Após algumas rebatidas, e sucessivas cruzadas de taco no centro do campo, um ritual funesto punha fim ao sonho de recuperação adversário. Uma cruz, montada bem no centro do campo, deixava claro que ali jazia mais um fraco adversário.

- Próóó-xi-mooo!!!

E aí, concedia-se a última e mais justa das licenças: a de bater o taco com toda a força na têmpora rival.

3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Todo santo domingo à tarde, meia-dúzia de bravos atletas se reúne na USP para jogar taco no gramado da Biologia. Sem encheção de saco, sem palavras de ordem, sem maconheiros, polícia, ou helicópteros da Record.

Abs!

Clovis L

5:30 AM  
Anonymous Diabão said...

A parte triste era quando você ia seco para dar uma bela tacada e acertava o chão, ficando com aquela dor agradável nas mãos por um tempo. Tirando os tacos feitos com pé de cama ou caibro que só os valentes usavam. Fechem os bueiros!

8:14 AM  
Anonymous Amaury Goulart said...

Após uma espetacular rebatida, a bola caiu no terreno baldio. Logo a alegria das cruzadas e a certeza da vitória dão lugar à tristeza em saber que o jogo acabou por hoje. Quem sabe alguém arranja outra bolinha para o próximo fim de semana.

9:50 AM  

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