Wednesday, February 15, 2006

MUDANÇA DE CELULAR.

Decidi trocar o meu celular. Após 3 anos de pouca bateria e um cílio confinado entre o visor e a parte tecnológica, o namoro ao pé do ouvido terminou.

Juntos vivemos momentos agradáveis, recebi uma porção de notícias boas, algumas não tão boas. Como isso aqui não é uma coluna do CVV, não vou perder tempo relatando elas.

O modelo era uma porcaria, mas era compacto. O toque polifônico era ridículo, e irritava todos a minha volta. Muito nobre.

Na hora de mandar mensagens de texto me sentia na época da invenção da imprensa de Gutemberg, que tem sobrenome sueco, país este, berço da telefonia móvel e das telefonistas loiras, de olhos claros e que adoram morenos como nós.

Pois bem. Chegando ao quiosque da operadora (me recuso a comparecer a uma loja especifica de celulares) falei de cara: “quero trocar essa m.... pelo aparelho mais barato da vitrine”. Após conter um riso meio adolescente a atendente me apontou meu futuro novo companheiro. Fechado. Onde eu assino?

Agora desfilo com um exemplar que liga, recebe, toca, tira foto, frita quibe e imita o Zagallo. Pelo menos tem um splash na caixa que diz isso.

Em vão, a atendente tentou me convencer a aumentar meu plano de 30 minutos para o de 40. Dez minutos a mais? Vou dar um exemplo padrão das minhas conversas:

- Alô?
- Desce.
- Beleza.
- Abraço (com ênfase para o segundo “a”)

Chamada encerrada: 7 segundos. Deu pra entender?

Por sorte, mantive meu número antigo que é mais fácil do que o da pizzaria do seu bairro, que deve ter um nome mezzo italiano, meio brasileiro: Ma que pizza; Nona e Neto; Piazza do Sabor.

A notícia ruim é que a minha saudação antiga da caixa de mensagem se perdeu na mudança. Vou ter que contratar mais uma vez aqueles meninos sanfoneiros da Romênia. Tudo bem, vale a pena.

Outro ponto chato é ter que conviver, pelo menos nas primeiras semanas, com os engraçadinhos dizendo que você está ficando rico, só porque trocou de celular. Fico imaginando, um por um, engasgando com o carregador da bateria.

Agora, estou naquela fase de encantamento, com dó de manchar o visor com impressões digitais e gordura de risole de queijo. Este namoro vai durar até a primeira queda. Daí eu fico bem mais tranqüilo. Lascado é mais legal, dispensa cerimônias e cuidado redobrado.

Como ainda não me acostumei com o toque novo, muitas vezes fico com cara de louco, vendo o celular a minha frente tocar, a espera do maldito dono atender.

Nesse momento bate aquela saudade do toque ridículo, do pelinho por dentro do visor, do cheirinho de fundo de alcachofra, do jogo da cobrinha. Se você já trocou de celular, sabe do que eu estou falando. Sim, estou com o olho cheio de água.

Resumindo: comprei um celular novo, ainda não me acostumei, peguei o número da vendedora do quiosque, ela não é bonita, joguei o manual fora por engano, carreguei a bateria menos do que deveria e já penso seriamente em trocar de modelo. Pode ser amanhã ou daqui a 3 anos. Veremos.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

um tanto óbvio,não?

3:58 PM  

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