Monday, June 12, 2006

SÓ ASSISTO PELA GLOBO.

Pra mim, não existe assistir jogo do Brasil em outro canal que não a Globo.

Falem o que quiserem, critiquem, resmunguem. Todo mundo roda os canais e acaba voltando pro cinco, como eu gosto de chamar a emissora dos Marinho.

A imagem é melhor, o som é melhor, as vinhetas são melhores. Adoro quando entra aquela voz aveludada dizendo “Raider; Davene; Itaú e Havaianas, as legítimas”. Não sei se é a mesma que grita Brasil quando sai gol, outra marca registrada.

Galvão Bueno: na minha opinião, o melhor narrador em atividade. Com todos os erros, com todos os erres, com toda a mania de saber mais do que todo mundo. Isso faz da narração dele um clássico. Ele te irrita? Então porque você não pára de assistir? Muda de canal, tira o volume, vai até o cartório autenticar uns documentos. Dizer que odeia ele é um grande clichê.

Ele é mestre em sacar termos idiotas, nunca acerta o tempo de voltar dos intervalos com o exclusivo “bem amigos da Rede Globo”, não sabe dar o nó na gravata e, nos dias quentes, só usa a parte de cima do paletó. Está sempre bronzeado e só muda a armação dos óculos de quatro em quatro anos.

Sabe um pouco sobre cada esporte, e, quando não sabe, inventa com categoria. Narra de Fórmula 1 a cerimônia de abertura de jogos de inverno, prato cheio pra inventar sem o menor risco de ser desmascarado, encaixando comentários enquanto a delegação italiana desfila, por exemplo: “Grande Giusepe Maximiliano. Capitão de três olimpíadas. Esse sabe tudo e mais um pouco”.

Como contraponto possui fiéis escudeiros dentro da cabine.

Arbitragem é sempre um assunto para Arnaldo César Coelho. Ele sabe o nome de todos os juízes, bandeirinhas e quartos árbitros em quatro continentes, menos a Oceania. Parece muito com aquelas criancinhas precoces que decoram todas as capitais do mundo. Agora, convenhamos, é muito mais legal saber que o juiz mexicano Marco Rodrigues é conhecido na Concacaf como o pequeno Drácula, do que saber que a capital de Lichtenstein é Vaduz. Grande Arnaldo.

Talvez por isso o Galvão trate ele como uma criança, sempre cortando suas falas com um irônico “Que que é Arnaldo?”. Outro dia, Galvão pediu para ele analisar as cores do uniforme do trio de arbitragem. Estavam todos com camisas amarelas fluorescentes: “Em gírias carnavalescas, cafona”. “Tá certo, Arnaldo”.

Para completar o trio maravilha temos o sempre afiado Casagrande. Cabelo desgrenhado, paletó amarrotado, cumpridão e sem postura. Fala o que pensa, fica puto, reclama, não concorda e está sempre com aparência de bêbado. Gosta dos jogadores que batem com as duas pernas, elogia demonstrações de liderança e vive no passado, num tempo glorioso onde encantava a torcida, ora com seus gols de oportunismo, ora com seus shorts sempre curtinhos e justos na coxa.

O Falcão fica sem nota. Acho ele um mala. Sua testa começa na nuca. Parece o Robocop sem o capacete. Têm também aqueles outros. Marcília, Wright, que se fala Vráite, Noronha, e mais um punhado de pseudo-especialistas.

As reportagens de campo ficam por conta do Mauro Naves e Abel Neto. Acabo de perceber que tenho facilidade para decorar nome de jornalista: Tramontina, Pinheiro, Kozlowski, Canuto.

Eu não arrisco ver em outro canal e não estou ganhando nada para fazer a divulgação. Se o cara da voz das vinhetas me ligar agradecendo pelo elogio, já fica de bom tamanho.

1 Comments:

Blogger Mari Penna said...

Muito...muito...muito bom tudo aqui.
Há muito não lia um blog tão bom!
Abs

3:40 PM  

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