Thursday, May 11, 2006

MÃE QUE É MÃE SÓ COME McCHIKEN.

No segundo domingo de maio comemoramos o dia das mães.

Com certeza você não se esqueceu, e deve ter passado a semana separando palitos de sorvete e recortes de revistas para fazer um belíssimo porta-lápis, ou comprado lã e tela para tecer com suas lindas mãozinhas um marcador de livro todo caprichado.

Eu me lembro de ter feito um peso de papel usando uma pedra que tinha o formato da costeleta do Menem e tinta plástica. Ela disse que adorou, mas nunca vi os papéis que ficam sobre a mesinha da sala presos embaixo dele. Também, que professor ensina a fazer esse tipo de presente? Deve ser as balinhas de licor na sala dos professores.

Pior que isso só quem cai no papo dos comerciais varejistas sanguessugas e compra um processador ou uma cozinha Granada só para ganhar o relógio de parede.

Se ela disser que não precisa de nada, não leve ao pé da letra. Seja criativo, pense em algo diferente, exclusivo, deixe ela pensando que você rodou a cidade atrás do presente, mesmo que tenha comprado pela Internet, ou daquela mala sem alça do financeiro que vende bordados o ano todo.

Acorde ela com um café da manhã, mas lembre-se de que elas não gostam de pão de forma. Não sei de onde eu tirei isso, mas achei um dado bem interessante. Vou mandar um e-mail pra Pullman.

Pullman, Tupperware, McDonald’s. Mães possuem um sotaque padrão para dizer nomes em inglês, pode reparar. Aliás, repare também que elas só comem o McChicken. Por que será?

Elas sabem exatamente o que dizem, têm sempre a razão, nos conhecem melhor do que nós mesmos, fazem perguntas demais pro nosso gosto, e tem o dom de acabar um diálogo com “não é não”. Queria poder fazer o mesmo no trabalho.

Mãe é aquela que te cobra a tabuada mas que sopra um ou outro resultado. É aquela que te deixa comer a fritura desde que você coma um prato cheio de arroz com couve-flor. É aquela que finge acreditar nas suas mentiras e que não acredita que você não pode fazer algo.

É aquela que resolve dar as suas roupas que você mais gosta porque estão velhas, que fala com a mãe dos seus amigos para saber se não vai incomodar você passando um fim de semana no sítio deles.

Mãe é aquela que puxa a sua orelha até ela ficar incandescente e depois compra cinco pacotes daquele biscoito recheado que você disse que gostou. Aliás, basta dizer que gostou de algum produto para sua mãe prontamente forrar a dispensa fazendo com que você enjoe do mesmo em menos de uma semana.

Mesmo assim, ainda sou contra a frase de que mãe é tudo igual. Que eu saiba, só a minha mãe usa termos como “te dou um tapa que te vira a cara do avesso” para amedrontar. Sempre que falo sobre esse método de intimidação recebo olhares piedosos dos amigos.

Falou palavrão, pimenta na boca. Brigou com os irmãos, cinta pendurada na porta da cozinha. Um chora, os dois apanham. Não acho que ela tenha exagerado. Tudo o que recebi na infância, foi merecido, mas admito que vou descontar nos meus filhos.

Se eu fosse você não duvidaria dos super poderes delas. Elas não acertam a previsão do tempo. Elas mudam o tempo com suas previsões. “Leva uma blusa filho”. Pode ter certeza, vai gear em pleno verão. “Leva um guarda-chuva”. Sim, pode chover no agreste.

“Filho, passa protetor”. Da última vez que desacatei, acordei parecendo um sapo calibrado em posto com 32 libras.

Por isso, desejo do fundo do meu coração um feliz Dia das Mães pras mães que já são avós, pras de primeira viagem, pras que sonham em ser, pras dos juízes de futebol e pras que só comem McChicken, ou seja, todas. E como mãe só tem uma, desejo um especial para a minha. Te amo mãe.

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