Monday, March 06, 2006

8 DE MARÇO.

É sempre muito difícil escrever sobre o que a gente ama, ou para quem a gente ama. As palavras acabam soando redundantes, fica difícil escolher a combinação certa de adjetivos, e por mais que você se convença de que não dá para melhorar, você ainda fica insatisfeito, apreensivo, esperando a lágrima de emoção, a resposta por e-mail, o sms no celular, o beijo, um sinal de fumaça em formato de cupido disparando sua flecha. Sim, isso foi bem brega.

Não há quem não goste de ler algo escrito sobre si mesmo. Falem bem ou falem mal, mas falem de mim. E já que o dia 8 é o dia internacional da mulher, mais do que dizer “parabéns pelo dia de hoje, porque os outros 364 são nossos” escreva.

Pegue aí uma caneta azul e arranque uma folha de caderno. Pode deixar as rebarbas, isso mostra um descaso proposital, que você não tem apego à forma e sim ao conteúdo. Todas suspiram em uníssono “ai que fofo”.

A partir daí, a única regra que existe é sair desenhando letras, sem medo de errar ou exagerar. Geralmente, o primeiro esboço que fazemos é o mais próximo do que será o texto final.

Nada de parabenizar pelas conquistas na vida cotidiana, a igualdade política e social, os direitos trabalhistas. Deixe que isso o Bonner fala antes de soltar o seu agradável “boa noite”.

Mulher sabe o que quer escutar, e você sabe o que deve dizer, só não sabe como fazer. Ou sabe e quer pagar uma de coronel, daqueles que tem tudo no cabresto.

A disputa homem-mulher é saudável, mas, ao menos nesse dia, deixe o orgulho de lado, seja esperto. Se o horóscopo não te deu a dica, eu dou: hoje é uma excelente ocasião para se aproximar daquela gatinha do escritório que você não tem muita intimidade, da mina da carteira ao lado, da professora coroa de inglês que te ensinou com tanto carinho a pronunciar as palavras com a lingüinha entre os dentes.

Se você não gosta de escrever, compre flores. Se não sabe qual escolher, vá de chocolate. Está sem grana? Mate uma barata.

Por mais que você não admita, você trabalha, malha, muda o penteado, escolhe um óculos escuro diferente, passa gel, usa jeans desfiado, lava o carro, estufa o peito na praia, encolhe a barriga na balada, masca chiclete depois de virar uma tequila, tudo por um único propósito: deixar a tal sujeita do sexo frágil feliz.

Frágeis mesmo somos nós que temos que fazer absolutamente tudo isso, além de ficar com inveja por não ter um dia internacional no calendário, exceção feita ao dia da criança.

Como já disse, é muito difícil escrever sobre quem a gente ama. Por isso mesmo dei toda essa volta. Se um dia puder matar uma barata para uma de vocês, saibam que será uma grande honra. Feliz dia da mulher.

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