Thursday, March 09, 2006

CHEIROS, AROMAS E FRAGRÂNCIAS.

Não sei vocês, mas eu reparo muito em cheiros. Sei lá se esse é um dos meus sentidos mais aguçados.

Gosto dos cheiros por gostar. Sem aquele lance de “ai, sou super sensitivo”. Também não fico associando o aroma a coisas do passado como os tempos de jardim ou do governo Jânio.

Cheiro de refogado por exemplo. Nossa. É imbatível. Quase tive que escrever um palavrão para expressar o quanto gosto do incomparável aroma da manteiga dourando a cebola e o alho. Sempre enfio uma colher de sobremesa na panela para ver se está bom de sal. O gosto não é igual ao do cheiro. Essa é a graça.

Saindo de casa, passo no posto. Ah, a doce gasolina. Se pudesse teria uma bomba na sala de estar da minha casa. Não dá pra explicar. Mesmo resfriado consigo senti-lo. Como meu currículo foi recusado pela Esso quatro vezes, me contendo com as visitas quinzenais.

Muitos gostam do cheiro de tinta fresca. Eu acho uma porcaria. Bom mesmo é cheiro de lápis de cor, daqueles que vem em caixas de 3 gavetas com 36 cores, ou aquela versão mais boy em caixa de alumínio com araras e balões sobrevoando os Alpes, estampadas.

Outro cheiro que em nada me atrai é o de carro novo. Pra falar a verdade me dá até um certo enjôo. Prefiro a fragrância química borrifada naquele trocinho que o povo do lava rápido pendura no retrovisor ou na alavanca da seta.

E aquele cheiro de fossa? Ou seria o de grama molhada? Sei lá. Você sabe do que eu estou falando. É sentir este cheiro para não ter vontade de fazer mais nada em vida. Apenas fecha os olhos e me imagino na minha futura cadeira de balanço, esperando a comadre trazer o café da tarde, que por sinal, é outro que se destaca neste meio.

Odor. Veio algo bom a sua mente? Claro que não. Odor geralmente é de nuca suada, roupa molhada, enxofre, aparelho móvel recém tirado da boca.

E já que falei em boca, trago a seguir um cheiro que merece destaque, não pela qualidade, mas sim pela hipnose que nos conduz ao erro. Logo após retirar o fio dental entre o segundo e o terceiro molar, e ver que um fiapo de carne, do tamanho de um filhote de canário, se encontra preso, instintivamente damos uma cheirada. Nhááá. Bem nojento, mas impossível ignorar. É viciante.

Para compensar temos o cheiro daqueles sabonetes com formatos diferenciados que, geralmente, ficam em lavabos. Pode ver. Todo sabonete em forma de cisne, flor, mini carrinho do corpo de bombeiros, tem um perfume peculiar. É difícil de fazer espuma, mas o cheiro que fica na mão instiga a ficarmos cheirando ela de minuto em minuto. Se pudesse mordia um deles. Pra falar a verdade, já mordi um que tinha o formato de um casal de velhinhos. Até hoje, solto minúsculas bolinhas de sabão quando pisco.

Não podia terminar o texto sem falar de um cheiro que tenta ingressar neste cobiçado filão, mas que na verdade não passa de uma fraude. Estou falando do cheiro-verde. Qual é a dele?

Tenho certeza que você também repara nos cheiros. O que não sei é se você é uma pessoa sensitiva. Se for, vá lavar as mãos quando terminar de ler o jornal. Seus dedos devem estar meio escuros nas pontas e com cheiro de tinta.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

e o que dizer do cheiro da mulher?

3:57 PM  

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