Wednesday, July 05, 2006

EU NÃO SEI PERDER.

Como é difícil lidar com derrotas.

No último sábado caímos mais uma vez frente ao futebol francês. Entre “uís” e “monamis”, colocaram a gente na roda, sob regência do espetacular, mas não francês de nascimento, Zizu.

Um país inteiro torcendo, gastando fortunas com salgadinhos, cerveja, cornetas de farol, bandeiras e camisas oficiais da seleção, um roubo. Ainda bem que não comprei.

Enquanto você ensaiava um choro de raiva, nossos “valentes guerreiros” davam tapinhas cordiais nos “inimigos”, trocavam abraços, disputavam no par ou ímpar par ver quem voltaria na janelinha do ônibus, riam em campo como se tivessem participado de um amistoso de quermesse, valendo um porco cachaço para o selecionado vencedor.

Vai ter pavê na janta? Perguntavam os mais jovens.
Onde encontro baterias novas para minha escova de dente elétrica? Perguntavam os mais velhos.

Num texto anterior cheguei a dizer que na minha seleção só jogariam os bandidos, na gíria do futebol, os boleiros, aqueles que são capazes de aceitar um tiro de raspão no joelho em troca da vitória. Boleiros como o Zé Roberto, o Lúcio e o Juan que calaram nossas bocas jogando pra ganhar.

Que cumprimentar na entrada, que nada. Que trocar camisa no final. Machucou? Rasteje pra lateral. Chapelou? Carrinho na virilha.

Copa do mundo é coisa séria. Sem o título voltamos a ser o país do carnaval, da bunda e da caipirinha. É triste, mas é a verdade. Trazendo a taça todos os problemas do país desaparecem. O metrô parece que anda mais rápido. Os buracos fazem bem à suspensão de nossos carros, a grana continua curta no fim do mês, mas, e daí? A gente é hexa. Azar o dos políticos que não vão poder se apoiar nisso. Não será nada estranho se, de repente, o astronauta voltar a ser a bola da vez.

Lágrimas? A última vez que derramei, foi na copa de 90, quando fomos eliminados pela Argentina. Lembro perfeitamente do gosto do nhoque com molho à bolonhesa daquele domingo e da minha mãe dizendo que o meu choro não ia mudar o resultado, e que nenhum jogador se sensibilizaria com a situação. Aprendi a lição. Hoje em dia só choro ouvindo Sonho de Ícaro do Biafra.

Enquanto nossos jogadores arriscavam pedaladas, trocavam papéis de carta e assistiam a filmes da Liza Minelli na concentração, os outros treinavam, corriam, transpiravam e transformavam cuecas de pós-treino em urânio enriquecido.

Parabéns pro Felipão, pra Itália, pra Alemanha e pra França. Sim, todos eles merecem.

Robinhos, Ronaldos, Juninhos, Robertos, Cafus. Eu que não gostava nem de perder joguinho de recreio com Toddynho vazio, sonho com o amistoso Brasil X Seleção do Local, com o Professor Canhoto caindo pelos flancos, nas costas do Cafu.

Nem a eliminação da Argentina serviu como consolo. Os hermanos sim, jogaram com raça, com sangue nos olhos. Adoro esse termo. O Maradona torce, não faz política. Os jogadores brigam, não trocam carícias.

Agora é esperar pela próxima. Em quatro anos dá pra picar bastante papel, estocar salgadinhos e juntar os centavos do troco da loja de R$ 1,99 pra comprar a camisa em 2010. Quem sabe até lá nossos dirigente aprendem que lugar de bunda é na praia de Copacabana e não esquentando o banco da seleção. Odeio perder.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

está aberta a disputa de sinuca então

;)

10:48 AM  

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