NUNCA MAIS PARTICIPO DE BOLÃO.
Lá se foi a primeira fase da Copa. Teve invasão de campo, poucas zebras e muitas “olas” mal organizadas, com aqueles gringos com cara de peru jogando os bracinhos para o alto de forma desajeitada. Que papelão. Esse tipo de coisa não fica bem no primeiro mundo.
Dessa vez, as grandes potências não decepcionaram, o que acabou com minhas esperanças no bolão que eu demorei a aderir, mas que no fim, me venceu.
Era impossível ficar de fora. Foi só ameaçar ignorá-lo para arrancar olhares de desprezo na firma, no prédio e no clube de campo. Bilhetinhos anônimos, talco no café, saleiro com a tampa desatarraxada, insultos e a gota d’água: um recadinho escrito na poeira do vidro do meu carro onde se lia “volta pra palestina árabe de cheiro forte”.
Tá bom. Eu participo.
Voltei, liguei meu computador e abri o Excel. Pela segunda vez na minha vida. A outra tinha sido no ano passado, por engano, enquanto tentava abrir discretamente um arquivo executável de nome o_rancho_da_sacanagem. Deixa pra lá.
A planilha estava ali. Imóvel, passiva, apenas esperando meus palpites. Resultados precisos, combinações improváveis de resultados, mata-matas e, no último quadradinho, o grande campeão. Eu apenas precisava chutar uma porção de números e observar bem na minha frente o milagre de uma Copa inteira decidida em minutos.
Comecei de forma tímida, arriscando placares previsíveis. Um a zero. Dois a um. Um a um. Zero a zero. Parei, pensei e me senti um palerma. Se é pra participar, melhor participar direito. Onde na regra diz que Togo não pode golear a França, ou que um empate de oito gols entre Irã e Angola é coisa de lunático?
Cometi muitos erros. Só apostei em zebras. Os placares, todos dilatados. Empates? Nenhum. Alguns resultados fariam inveja à NBA.
Aprendi uma lição valiosa: quanto mais colorido o uniforme, pior o time. Não caia no mesmo erro que eu.
Outra burrada. Apostar em times do leste europeu. Sei lá o que passou na minha cabeça. Kournikova, Bubka, Ivan Drago. Acreditei que o comunismo ainda podia produzir homens dotados de força sobre-humana, cobradores implacáveis de pênaltis, esmagadores de crânios de bandeirinhas mal intencionados. Que frustração. Viva a Coca-Cola, o McDonald’s e as Aerolineas Argentinas.
Por que chutei placares desse porte? Talvez porque eu odeie dividir prêmios. Na verdade eu odeio dividir qualquer coisa.
Uma vez, enfiei 5 bolachas recheadas na boca de uma só vez.
O importante é que o Brasil passou. Não convenceu, não jogou bem e ficou devendo. Mas e daí? Por que o alarde? Quer espetáculo? Vende o seu Corcel 2 e vai comprar ingressos pro Cirque du Soleil que tá chegando por aqui.
Odeio quem acha que futebol brasileiro é ver o Ronaldinho dando cambalhota com a bola presa entre as pernas, o Robinho equilibrando espetos em brasa enquanto cobra escanteios e o Zagallo tocando brasileirinho assoprando num pente. Odeio também quem acha que árabe é tudo Palestino. Pela última vez: eu sou libanês.
Dessa vez, as grandes potências não decepcionaram, o que acabou com minhas esperanças no bolão que eu demorei a aderir, mas que no fim, me venceu.
Era impossível ficar de fora. Foi só ameaçar ignorá-lo para arrancar olhares de desprezo na firma, no prédio e no clube de campo. Bilhetinhos anônimos, talco no café, saleiro com a tampa desatarraxada, insultos e a gota d’água: um recadinho escrito na poeira do vidro do meu carro onde se lia “volta pra palestina árabe de cheiro forte”.
Tá bom. Eu participo.
Voltei, liguei meu computador e abri o Excel. Pela segunda vez na minha vida. A outra tinha sido no ano passado, por engano, enquanto tentava abrir discretamente um arquivo executável de nome o_rancho_da_sacanagem. Deixa pra lá.
A planilha estava ali. Imóvel, passiva, apenas esperando meus palpites. Resultados precisos, combinações improváveis de resultados, mata-matas e, no último quadradinho, o grande campeão. Eu apenas precisava chutar uma porção de números e observar bem na minha frente o milagre de uma Copa inteira decidida em minutos.
Comecei de forma tímida, arriscando placares previsíveis. Um a zero. Dois a um. Um a um. Zero a zero. Parei, pensei e me senti um palerma. Se é pra participar, melhor participar direito. Onde na regra diz que Togo não pode golear a França, ou que um empate de oito gols entre Irã e Angola é coisa de lunático?
Cometi muitos erros. Só apostei em zebras. Os placares, todos dilatados. Empates? Nenhum. Alguns resultados fariam inveja à NBA.
Aprendi uma lição valiosa: quanto mais colorido o uniforme, pior o time. Não caia no mesmo erro que eu.
Outra burrada. Apostar em times do leste europeu. Sei lá o que passou na minha cabeça. Kournikova, Bubka, Ivan Drago. Acreditei que o comunismo ainda podia produzir homens dotados de força sobre-humana, cobradores implacáveis de pênaltis, esmagadores de crânios de bandeirinhas mal intencionados. Que frustração. Viva a Coca-Cola, o McDonald’s e as Aerolineas Argentinas.
Por que chutei placares desse porte? Talvez porque eu odeie dividir prêmios. Na verdade eu odeio dividir qualquer coisa.
Uma vez, enfiei 5 bolachas recheadas na boca de uma só vez.
O importante é que o Brasil passou. Não convenceu, não jogou bem e ficou devendo. Mas e daí? Por que o alarde? Quer espetáculo? Vende o seu Corcel 2 e vai comprar ingressos pro Cirque du Soleil que tá chegando por aqui.
Odeio quem acha que futebol brasileiro é ver o Ronaldinho dando cambalhota com a bola presa entre as pernas, o Robinho equilibrando espetos em brasa enquanto cobra escanteios e o Zagallo tocando brasileirinho assoprando num pente. Odeio também quem acha que árabe é tudo Palestino. Pela última vez: eu sou libanês.