EU DESCONFIO DE QUEM NÃO COME BORDA DE PIZZA.
Semana passada, sentado à mesa de uma pizzaria de bairro, fiquei observando o comportamento das pessoas ao meu redor.
Entre análises superficiais sobre os tipos mais irritantes de risada, os novos tipos de design em barbas e o barulho ininterrupto de cadeiras sendo arrastadas para frente e para trás, percebi o quanto me incomoda ver as bordas abandonadas nos pratos.
Arrisco dizer que isso me irrita mais do que hippie vendendo artesanato em dia de chuva na praia.
Se é pra deixar algo, que seja a fatia extra de aliche ou a azeitoninha preta (desde que já tenha comido pelo menos dez).
O pedaço de pizza só pode ser considerado liquidado quando a borda, já mastigada, repousar dentro do bucho do consumidor.
- Pô, mas você não vai contratar o Israel?
- Não.
- Mas o cara tem mestrado, fala 5 línguas, trabalha em equipe.
- Mas não come borda.
Outro dia, na casa de uma amiga, vi um pratinho que parecia um “cinzeiro de bordas”. Deviam ter umas oito. Um crime inafiançável em bairros como o da Mooca. Decidi pegar uma para comer, afinal, é pecado jogar fora. Quando aproximei o crocante pãozinho da boca percebi uma marca de batom grifando a marca da mordida. “Inferno, se não gosta da borda, então que tire logo com a faca”.
- É o que mais engorda na pizza.
Ótimo. Então por que você não vai jantar num rodízio de barras de cereal?
Arriscaria dizer que, não comer borda, é o primeiro e perigoso sinal da velhice, assim como usar trocadilhos logo pela manhã, andar com malha fininha no ombro e na hora da conta, dizer que o da ponta é quem paga. Meu Deus.
Se ela não fosse tão importante, por que inventariam a expressão “começar comendo pelas bordas”?
Não gosto também desse papo de bordas recheadas. Borda é borda e ponto final. Parece aquelas mães que misturam o remedinho dos filhos no refrigerante.
A borda é o RG da pizza, seu cartão de visita e nunca, em hipótese alguma, deve ser usada como álibi por quem se encontra em dieta:
- Comi sete. Mas deixei as bordas.
Pergunta se essa gente descarta o biquinho achocolatado do Cornetto, ou se joga fora o saco de Doritos sem antes despejar seus alaranjados farelos na boca.
- Por que você não pede uma pizza só de borda?
Pessoas que não comem borda podem ser emocionalmente confusas, tendendo a deixar coisas pela metade, mal-acabadas, sem fim.
É o caso de funcionários públicos, jovens em primeiro ano de faculdade, deputados, senadores e políticos em geral. Diferente das pessoas que se encontram a beira do divórcio, advogados, e bancários em semana de bater cota. Estes tendem inclusive a pegar a borda do seu prato.
A questão é tão importante que deveria até constar nos prontuários médicos:
- Algum caso recente de tuberculose, diabetes ou hipertensão na família?
- Não.
- Já deixou borda no prato?
- Nunca.
Em resumo, evite desperdícios e nunca confie plenamente em quem não come bordas, ainda mais se essa pessoa estiver vendendo artesanato num dia de chuva na praia.
Entre análises superficiais sobre os tipos mais irritantes de risada, os novos tipos de design em barbas e o barulho ininterrupto de cadeiras sendo arrastadas para frente e para trás, percebi o quanto me incomoda ver as bordas abandonadas nos pratos.
Arrisco dizer que isso me irrita mais do que hippie vendendo artesanato em dia de chuva na praia.
Se é pra deixar algo, que seja a fatia extra de aliche ou a azeitoninha preta (desde que já tenha comido pelo menos dez).
O pedaço de pizza só pode ser considerado liquidado quando a borda, já mastigada, repousar dentro do bucho do consumidor.
- Pô, mas você não vai contratar o Israel?
- Não.
- Mas o cara tem mestrado, fala 5 línguas, trabalha em equipe.
- Mas não come borda.
Outro dia, na casa de uma amiga, vi um pratinho que parecia um “cinzeiro de bordas”. Deviam ter umas oito. Um crime inafiançável em bairros como o da Mooca. Decidi pegar uma para comer, afinal, é pecado jogar fora. Quando aproximei o crocante pãozinho da boca percebi uma marca de batom grifando a marca da mordida. “Inferno, se não gosta da borda, então que tire logo com a faca”.
- É o que mais engorda na pizza.
Ótimo. Então por que você não vai jantar num rodízio de barras de cereal?
Arriscaria dizer que, não comer borda, é o primeiro e perigoso sinal da velhice, assim como usar trocadilhos logo pela manhã, andar com malha fininha no ombro e na hora da conta, dizer que o da ponta é quem paga. Meu Deus.
Se ela não fosse tão importante, por que inventariam a expressão “começar comendo pelas bordas”?
Não gosto também desse papo de bordas recheadas. Borda é borda e ponto final. Parece aquelas mães que misturam o remedinho dos filhos no refrigerante.
A borda é o RG da pizza, seu cartão de visita e nunca, em hipótese alguma, deve ser usada como álibi por quem se encontra em dieta:
- Comi sete. Mas deixei as bordas.
Pergunta se essa gente descarta o biquinho achocolatado do Cornetto, ou se joga fora o saco de Doritos sem antes despejar seus alaranjados farelos na boca.
- Por que você não pede uma pizza só de borda?
Pessoas que não comem borda podem ser emocionalmente confusas, tendendo a deixar coisas pela metade, mal-acabadas, sem fim.
É o caso de funcionários públicos, jovens em primeiro ano de faculdade, deputados, senadores e políticos em geral. Diferente das pessoas que se encontram a beira do divórcio, advogados, e bancários em semana de bater cota. Estes tendem inclusive a pegar a borda do seu prato.
A questão é tão importante que deveria até constar nos prontuários médicos:
- Algum caso recente de tuberculose, diabetes ou hipertensão na família?
- Não.
- Já deixou borda no prato?
- Nunca.
Em resumo, evite desperdícios e nunca confie plenamente em quem não come bordas, ainda mais se essa pessoa estiver vendendo artesanato num dia de chuva na praia.